quarta-feira, 3 de setembro de 2008

À meia-noite levarei sua (alma) diversão

Já percebi que eu sou movida à insights. Sempre que eu estou lendo alguma coisa interessante, eu sinto vontade de postá-la aqui na hora. E engraçado que o caso de agora veio encadeado com um filme que eu assisti na segunda, em sequência de uma matéria que eu li na terça, e um texto que estou terminando hoje. Então vamos começar por partes.

Nessa segunda eu vi o filme "Encarnação do demônio", o qual encerra a trilogia do Zé do Caixão. Assim, eu não quero mudar o rumo dessa observação, ou melhor, desse comentário para uma crítica de cinema mesmo porque eu não tenho propriedade suficiente para tal, mas já emendando com a matéria que eu li na terça, o filme pecou em muitos aspectos.

É difícil de assumir mas a matéria em questão eu li na Veja. Até aí tudo bem, mas quando você entra no curso de Jornalismo é quase um insulto acreditar fielmente nessa revista. Sempre tem algum cretino adepto a panfletarismo barato para dizer que "a Veja é alienante". Pois bem, eu li nela e acredito que seja verdade que José Mojica tenha arrecadado inicialmente 500 mil do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, e depois, após muito lobby, UM MILHÃO do atual presidente. Creio eu que o Lula tenha sentido uma dó profunda do cineasta, primeiro pelo fato de fazer cinema no Brasil é um ato heróico de bravura, segundo por ser cinema de terror, terceiro pelo meio século para terminar as três películas. Mojica é praticamente o rei das redundâncias.

Pleonasmo à parte, o que eu realmente quero deixar claro pegando o gancho com a última parte é que "Encarnação do demônio" é cinema de terror sim, com muitos (d)efeitos especiais, com atores amadores, inclusive identifiquei uma conhecida que não vem ao caso citá-la aqui, com muita diversão, pouco conteúdo intelectual, enfim, é um produto da indústria cultural. Com base nas idéias de Adorno, o conceito de diversão signica "que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor mesmo onde ela se mostra". Esse trecho cai como uma luva com o intuito do filme. É cinema de diversão mesmo. É destinado para consumidores a fim de abstrair os problemas cotidianos. Pensando assim Mojica ganha ponto, em contrapartida, com um orçamento de um milhão e meio dava para sair algo melhor, com um melhor time, roteiro etc, como foi o incrível "O cheiro do ralo", cujo orçamento foi em torno de 300 mil pilas. Fica aqui a reflexão.

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